Um Convite à Presença

Jul 3, 2022    Mariana Merotto

Vamos conversar um pouco sobre os capítulos 19 e 20 de Êxodo. Sei que o livro de Êxodo pode parecer conter uma lista interminável de regras, rituais e coisas que eles deveriam fazer. Quando olhamos dessa maneira, muito do livro pode parecer dispensável para os dias de hoje.

No entanto, se conseguirmos olhar para além de uma lista superficial, das instruções que nos parecem árduas, veremos ali o coração de Deus em estabelecer um relacionamento real, dinâmico e vivo com seu povo. Um Deus que sempre desejou habitar no meio do seu povo.

Podemos ver nos relatos desse livro, uma manifestação profética do plano de Deus para a humanidade. Estávamos em cativeiro, somos levados pelas mãos do Senhor para fora dele e conduzidos em uma jornada, até a terra prometida. Ele habitará em nosso meio, plenamente no fim de todas as coisas

É então, no meio dessa história que podemos aprendemos algo poderoso, que se torna uma direção para nós.

1 - O plano de Deus Ex 19:1-6
“Ao terceiro mês da saída dos filhos de Israel da terra do Egito, no mesmo dia chegaram ao deserto de Sinai, Porque partiram de Refidim e entraram no deserto de Sinai, onde se acamparam. Israel, pois, ali se acampou em frente ao monte.E subiu Moisés a Deus, e o Senhor o chamou do monte, dizendo: Assim falarás à casa de Jacó, e anunciarás aos filhos de Israel: Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias, e vos trouxe a mim; Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha.E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel”
Quando Deus libertou o povo do Egito, seu plano não era apenas os livrar das mãos do opressor, mas leva-los a algo superior. Deus não os livrou do Egito para abandoná-los no deserto, mas seu intuito ao tirá-los do Egito era coloca-los no centro de sua vontade: Pertencimento a Ele. Eles saíram do cativeiro para entrar em seu destino.
Dentro desse plano, algo era essencial, o relacionamento com Deus. O Pai tinha em seu coração o desejo ardente de trazê-los para comunhão íntima.

“Nenhuma mão tocará nele; porque certamente será apedrejado ou asseteado; quer
seja animal, quer seja homem, não viverá; soando a buzina longamente, então"
Ex. 19:13

Após dar as instruções da forma pela qual seria possível entrar em sua presença, Deus faz o convite mais maravilhoso que poderia haver: Venham todos para perto da minha presença manifesta.

Da mesma forma, hoje a presença de Deus convida a todos nós. A frase que ouvi do Senhor durante a visão do monte era: o convite é para todos. Estar inserido no mais alto nível de comunhão com Deus não é um privilégio de apenas alguns homens ou mulheres “mais santos”, mas um convite a todos que O conhecem. Não existe qualificação especial necessária para entrar na presença de Deus, o convite é feito a todos.

A presença de Deus, seu poder e suas maravilhas não estão limitadas a um tipo de pessoa e nem exigem nada além de devoção total.

2 – A resposta do povo
Apesar de não exigir nenhuma qualificação especial, entrar e estar na presença de Deus exige muito de nós. Deus não fez acepção de quem poderia estar em sua presença, mas passou um longo período falando sobre a purificação e a os passos necessário para isso.
Quando a presença do Senhor se manifestou no Sinai, a resposta do povo foi triste e decepcionante. Ex. 20:19-20

“E disseram a Moisés: Fala tu conosco, e ouviremos: e não fale Deus conosco, para que não morramos. E disse Moisés ao povo: Não temais, Deus veio para vos provar, e para que o seu temor esteja diante de vós, a fim de que não pequeis”

Mas o que fez o povo recusar o convite do Senhor? Porque mesmo diante das maravilhas, dos sinais, do sobrenatural que eles já haviam experimentado, os israelitas ainda assim preferiram um interlocutor a estar com Deus? Quando acompanhamos a história percebemos que o medo os fez recuar, e eles tinham medo porque sabiam de seu pecado, e não desejavam abrir mão daquilo que os afastava do Senhor.

Eles até estavam dispostos a cumprir os rituais, mas não a tratar com o coração. Todos são convidados a amizade com Deus, a estarmos próximos e em comunhão com Ele. Mas ela nos pede que deixemos a amizade com o mundo. (Tiago 4:4-5).

E o que seria ser amigo do mundo? Não apenas atitudes, mas um coração inclinado a satisfazer os padrões do mundo.
subirão ao monte”

Quando desejamos ser aprovados pelo mundo, quando seus padrões nos guiam, quando nossa medida se iguala a medida desse século, fizemos uma amizade com o mundo.

É interessante que diante da negativa do povo, Moisés identifica uma causa, e faz um jogo de palavras com as palavras “medo” e “temor”. Vemos que ele diz que a manifestação poderosa de Deus era para que eles tivessem temor e assim não pecassem.

Ele aqui fala sobre temor que tem a ver com a consciência da magnitude e esplendor de Deus, produzindo em nós um coração que o deseja mais do que as coisas desse mundo. Mas a resposta deles foi o medo, que nos prende em nossa condição e nos mantém distantes de Deus e seu caráter misericordioso e transformador.

O próprio Moisés passou por isso em sua vida, uma vez com medo do Senhor, (Êxodo 3:6), ele aprendeu a temer a Deus, e assim desejar a sua glória mais do que tudo. O medo fazia com que Moisés cobrisse o rosto, o temor, com que pedisse pela glória (Êxodo 33:18). A jornada de amizade com Deus, fez com que aquilo que o povo rejeitava, fosse seu desejo mais profundo.

3 – O convite é estendido por Jesus, o caminho é aberto por Ele.
Mas o convite de Deus não foi encerrado quando o povo O rejeitou. Deus, o bom Pai ainda nos convida e nos espera. Jesus, em todo momento nos mostrou um caminho construído por intimidade e comunhão com o Pai. Foi ele que nos garantiu que podemos ser amigos.
João 15:15

Ser um com Deus é o anseio mais profundo e legítimo do coração humano, e a boa notícia é que Deus não está apenas disposto a saciar esse desejo, mas foi Ele mesmo que o plantou em nós. Nesse mesmo capítulo de João, Jesus nos diz que somos seus amigos se o obedecermos, e Salmos 24 mostra quem poderia subir o monte do Senhor.

“Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo?Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente. Este receberá a bênção do Senhor e a justiça do Deus da sua salvação.” Salmos 24:3-5

Ele fala sobre mãos limpas (atitudes) e coração limpo (intenções). Olhando para nós mesmos nos parece impossível, mas se continuarmos nossa leitura veremos como isso é possível. “Esses receberão a justiça de Deus”. A palavra é clara em dizer que Jesus se fez justiça por nós.

“Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas
tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito
conhecer .”

“Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos
feitos justiça de Deus”
(2 Co 5:21)

Através de seu sacrifício recebemos a nova natureza que nos torna santos, reconciliados com Deus.

Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo;Pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. (Romanos 5:1-2)

(1 Pedro 2:9),
Pedro ecoa ainda, as mesmas palavras ditas por Deus ao povo, momentos antes de seu convite a presença, ecoando também o convite de Deus, para o lugar para o qual fomos feitos: pertencentes a Ele, dentro de sua nuvem de Glória. Nós, temos, como a palavra nos afirma, um novo e vivo caminho para presença. Esse caminho nos dá acesso a Deus e também a sua nuvem de glória.


Conclusão
Colossenses 1:13-23
Assim como o povo hebreu, estamos em uma jornada com Deus. Nessa jornada o destino não é um lugar, uma posição ou uma recompensa física, mas o coração de Deus e sua poderosa presença, e por isso ela se torna interminável.

Assim, ligados a Deus e imersos em sua glória, somo convidados a experimentar de seus sinais e suas maravilhas. É a partir desse lugar de amor e intimidade que devemos fluir e receber da glória.

O fato é, existe um convite sobrenatural para nós, encharcado do amor e do desejo do Pai, existe um caminho disponível para nós, por causa do sacrifício do filho, existe uma nuvem de glória manifesta a nossa frente, carregada do poderoso Espírito de Deus.

“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido,
para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz”